15/02/2011

Banalização do ensino, mercantilização de diplomas

Existem sinais muito preocupantes sobre o que se pretende do futuro. E o que se passa na educação, em geral, e no ensino superior, em particular, são disso exemplo.

Sem fundamentalismos, tenho dúvidas acerca de programas como o novas oportunidades. Concordo com o princípio de valorizar a experiência de vida. Discordo com o método e, sobretudo, com a certificação por atacado, com os objectivos impostos aos formadores e com algum facilitismo, generalizado. Na escola também se banalizou o aligeiramento, como se os meninos fossem menos capazes.

No superior passa-se o mesmo. Banalizaram-se os mestrados e caminhamos a passos largos para banalizar os doutoramentos. O que é, antes de mais, atentatório da dignidade das instituições universitárias. Formar mestres e doutores é criar valor, é dar ao país massa crítica e apostar na investigação. Fazê-lo, como se começa a fazer, por validação de créditos, com base no currículo, é insultuoso. E não compreendo como é que aqueles que fizerem uma vida académica empenhada o permitem sem ripostar.

Ninguém deve ser excluído do ensino superior por falta de condições económicas. Mas o ensino superior não é para todos. Não pode ser para todos. Existe uma diferença entre democratização e banalização do sistema.

Criar uma espécie de novas oportunidades no superior é decretar a morte científica das universidades, que não deviam propriamente tornar-se em grossistas, mercantilizando os diplomas como de bolas de berlim se tratassem.

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