15/02/2011

Profissão: autarca

A limitação de mandatos faz sentido, é um contributo para a transparência e garante de um dos mais elementares princípios republicanos. Contudo, é lamentável que no caso dos autarcas apenas se aplique os presidentes e não aos vereadores. E é pena que não contemple a impossibilidade de um autarca com 12 ou mais anos de mandato se poder candidatar num concelho próximo ou distante.

Ou seja, esta lei pouco ou nada faz contra o caciquismo. E pouco ou nada faz porque os que hoje estavam a caudilhar aqui vão caudilhar para ali. Tipo batalhão que se move de uma para outra frente.

É lamentável que os titulares de cargos políticos, sobretudo os autarcas, os entendam como uma profissão. No fundo é uma profissão, porque muitos deles pouco ou nada fizeram na vida além de trabalhar nas máquinas partidárias ou para os pequenos clientelismos, gozando e dispondo dos inúmeros lugares distribuídos na administração pública. Se não se podem candidatar aqui outra vez ficam sem emprego, pelo que têm de se posicionar para outros voos, que lhes mantenham um rendimento aceitável e possibilitem afago ao insuflado ego.

Existem muitos autarcas, presidentes no caso, que não se podem candidatar em 2013. Uma leitura superficial desta realidade mostra que anda aí muita gente que se oferece e posiciona as suas armas para outros municípios. Quando os municípios são contíguos é muito fácil manter as tropas alinhadas: os construtores, os boys políticos, o clientelismo local. Caudilha-se na mesma, mas muda-se o quartel.

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