14/05/2010

Austeridade

As medidas de austeridade apresentadas pelo Governo não surpreendem. Eram expectáveis, sendo que, para já, não houve uma redução de salários, como em Espanha.

De qualquer modo, este conjunto de medidas peca pelo mesmo mal de sempre. O objectivo é um e imediato: reduzir o défice e controlar as contas públicas. Contudo, o aumento de impostos, sobretudo o IVA e impostos sobre os salários, colocam em risco o crescimento económico. Nesse sentido, era expectável que, a par de medidas de austeridade, fosse apresentado um pacote de medidas de incentivo à recuperação económica, que deixasse vislumbrar a esperança da recuperação do emprego. Podiam ser medidas artificiais, baseadas nos financiamentos disponíveis do QREN, mas incutissem confiança – o que é diferente de iludir.

Dos discursos dos últimos dias, o mais inteligente e com maior sentido de Estado foi o de Passos Coelho, na conferência de imprensa de ontem. Além do discurso estar brilhantemente estruturado, foi proferido de forma quase perfeita: serena e pausadamente, voz grave e sem precipitações na fase de perguntas dos jornalistas. Passos é o verso de Sócrates, cuja voz é ou se tornou irritante, que acentua de forma aguda os discursos e ganha uma energia raivosa a meio. Ao fim destes anos, a serenidade é uma vantagem.

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