16/03/2010

Barrigada

Andei convencido estes anos todos que era de esquerda. Sem partido, sem fundamentalismo. Os últimos episódios da série B em que se transformou Portugal têm-me levado a fazer perguntas que, antes, não havia formulado.

A direita diz que há muito Estado. Concordo. Existem mais de 4 mil freguesias, 308 municípios, 18 governadores civis. Estes senhores (os governadores), meio bafientos e fazer lembrar o caciquismo do Estado Novo, servem exactamente para o quê? O que é que eles fazem que não podia ser feito pelos municípios ou pela Administração Central? Direcções regionais por todo o lado, vezes muitos serviços e mais serviços e uma multiplicidade de organismos e outros tantos burocratas. Tudo em pouco mais de 92 mil quilómetros quadrados e para uns 10 milhões de sujeitos.

Existe muito Estado e pouca economia. O Estado deve ter uma palavra a dizer sobre sectores estratégicos: comunicações, energia, transportes, resíduos, água, etc. Mas o Estado não consegue dizer quase nada de jeito, porque numa economia quase inexistente como a nossa, em que tudo gira à volta do Estado (leia-se Governo), têm de se fazer um fretes a umas empresas (malta amiga) e não prejudicar as campanhas eleitorais futuras, cujo financiamento é sempre um problema, cuja solução tem como protagonistas uns senhores que o Estado nomeia para tomarem conta do mercado.

Existe muito Estado. E pouca economia. Mas o cerne da questão não está na barrigada de Estado que Portugal apanhou, está na indigestão causada pela politicazinha de trazer por casa. As estruturas do Estado estão apinhadas de boys em exercício, de boys na prateleira (à espera da alternância governativa), de listas de espera de boys que lá chegarão: aos serviços, às empresas, às consultorias, aos gabinetes de apoio, etc.

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