05/03/2010

Justiça?

Segundo o Público, duas jornalistas do jornal Sol foram constituídas arguidas no âmbito de inquérito aberto pelo Procurador-Geral da República às fugas ao segredo de justiça no processo Face Oculta.

Não sei se percebi bem a questão, uma vez que as notícias ainda são escassas. De qualquer modo há três notas a assinalar desde já:

- As fugas ao segredo de justiça não se encontram nem nos jornalistas nem nos jornais. A investigar fugas há que investigar os vários agentes que têm acesso aos processos, desde os funcionários judiciais, aos magistrados, juízes, advogados e arguidos;

- Se percebi bem, a coisa está-se a fazer ao contrário, naquilo que pode ser uma manobra persecutória a jornalistas incómodos, o que vindo deste PGR não me causa estranheza, dada a sua conduta em processos mediáticos, e neste em particular;

- Se o PGR conta, assim, levantar o segredo profissional dos jornalistas em relação às fontes, é provável que a operação não corra conforme desejado, vindo apenas reforçar duas evidências cada vez mais claras aos olhos dos portugueses: a Justiça (e o Ministério Público em particular) está altamente politizada e permite de tudo um pouco, menos que se toque em figuras mediáticas (Casa Pia, Moderna, Face Oculta, Independente, etc, etc, etc); a Justiça não dá conta dos seus problemas internos e conta resolvê-los recorrendo a bodes expiatórios, sendo a classe jornalística dos melhores até hoje encontrados, sobretudo porque os problemas com os media, ainda que agravando a situação política, desviam a atenção dos jornais de outros temas, eventualmente ainda menos convenientes que um escândalo já em curso.

Marinho Pinto, por outro lado, está sempre de língua afiada. Mas quando toca ao primeiro-ministro, o animal feroz também passa a português suave (Público). Por que razão?

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