06/03/2010

Uns e outros

O Governo apresenta hoje o Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC). Apesar de alguma expectativa em relação às medidas (vamos ver o que é coragem política?), não consigo deixar de sentir algum desprezo pelo que aí vem e pelo discurso que se prevê. Sabemos, como sempre sabemos, que a saída da crise vai custar mais a uns que a outros. E sabemos quem são uns e outros.

E pior que tudo. Sabemos que vivemos, constantemente, neste ciclo. A crise, a recuperação, um nadinha de fôlego e nova crise. Foi assim nos últimos 30 anos, não deixará de o ser agora. Sobretudo porque esta crise devia ter-nos ensinado alguma coisa, pela sua génese e dimensão, e creio que não retirámos dela nenhum proveito.

Portanto a ideia é resignarmo-nos a viver os próximos anos de forma abnegada em nome da necessária recuperação, para numa qualquer altura de eleições legislativas nos venderem a ideia de que estamos, finalmente, “porreiros pá” e a seguir à tomada de posse do governo eleito voltarmos ao discurso da “tanga”.

Há uns que se lixam sempre mais que os outros. Basta ver os lucros das grandes empresas, mesmo daquelas que durante a crise aproveitaram para fazer cortes e contribuir para os mais de 10% de desemprego.

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