16/03/2010

Economia

Ainda sobre o post anterior. Estado e economia. O País não é empreendedor. Os empresários estão habituados a viver à sombra de subsídios e de outros expedientes, em vez de fazerem seguros. Querem apoios paternalistas e repudiam o risco, inerente ao conceito de empresa.

Tudo bem. Podemos ter leis laborais rígidas, em comparação com a maioria dos europeus. E impostos à farta. Mas nenhum empreendedor suporta a burocracia, o pequeno poder e, sobretudo, a insegurança de um sistema judicial que pode assassinar qualquer audácia empreendedora.

A economia precisa de justiça. Célere, rápida, certeira. Justiça sem floreados. E de um Estado sério, que cumpra as regras, mas sem criar entraves burocratas desnecessários. Com justiça atraem-se bons investimentos. Com a nossa justiça facilita-se não apenas a corrupção, como o mau investimento. Quando lhes descobrimos a careca eles já estão noutro qualquer paraíso judicial, onde a bandalheira permite que um processo ande, por aí, uma década.

A burocracia ajuda à festa. Digam-me um caso em que a burocracia inverteu um processo pouco transparente. Acontece o contrário. Facilita a escuridão. Papéis e mais papéis. São aos montes nas repartições. Da última vez que fui finanças fiquei parvo. Já se faz tudo no portal das finanças, mas aquilo parecia a Torre do Tombo depois de um tufão. E corre-se de balcão em balcão. A modernização dos serviços não resolve nada, porque o esquema mental é o mesmo: burocrata, debochado, cheio de manhas e de papelinhos inúteis.

Pode começar-se por algum lado. Pode começar-se pela justiça. Pela desburocratização e eficiência dos serviços. Em paralelo, disciplinar empresários e o mercado de trabalho, adaptando ambos a uma realidade que mudou e continua a mudar. Mas flexibilizar sem justiça, sem uma visão moderna do papel do Estado, também não é solução nenhuma.

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