24/03/2010

Ousadias

A par das audições de comissão de ética, que decorrem sem nenhuma surpresa e demonstram relevância duvidosa, vai avançar a comissão de inquérito.

Tudo bem. A comissão de inquérito pode ser esclarecedora, muito embora esteja em crer que ninguém vai dizer mais do que disse na comissão de ética.

Surpresa das surpresas é incluir na listagens de personalidades a inquirir Pinto Monteiro, uma série de magistrados e o primeiro-ministro. O PGR e os magistrados, num Estado onde existe separação de poderes, devem ser protegidos deste circo, ou perde-se mesmo o pudor na intromissão da política na justiça e sobre a independência desta. Se bem que existem dúvidas de fundo sobre o processo em si.

O primeiro-ministro, mesmo que às vezes mais pareça um bebé chorão (a entrevista ao JN foi um lamento lamentável, sobretudo a 1º parte), é uma figura de Estado. Era escusado entrar a matar. Mesmo porque a sua inquirição deve ficar para o fim. Decorridas as principais inquirições, havendo matéria, convocava-se o homem.

E o PS e o PSD deviam ter mais cautela. Alegadamente o nosso sistema democrático precisa destes dois partidos para coluna vertebral. A troca de argumentos de ontem, na comissão de inquérito, demonstra grande insegurança dos deputados. Isto pode ser o princípio de qualquer coisa imprevisível.

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