03/03/2010

Os bispos portugueses atiraram o barro à parede: era simpático da parte do Governo decretar tolerância de ponto para os portugueses poderem acompanhar a visita do papa a Portugal.

Partindo do princípio de que isto não é uma brincadeira da Lusa, vejamos: Portugal não é um Estado laico? Os portugueses que querem muito ir ver o papa não poderão ir no gozo das suas férias? E se em vez da visita do papa, fosse a visita do chefe de uma outra confissão? Como reagiria a Igreja Católica a um pedido semelhante?

Gosto dos feriados em geral, mas vou-me insurgindo com os feriados religiosos. Quantas pessoas sabem, ao certo, o significado das datas do Corpo de Deus, de Todos os Santos, do dia da Assunção ou da Imaculada Conceição? Nesse dia, quantos portugueses cumprem a tradição religiosa? Quantos católicos a cumprem?

Os bispos, que a espaços se preocupam com a pobreza, com a degradação social, e que estão sempre de mão estendida para redistribuir donativos, que vão criticando e enviando recados ao Estado, fazem parte de uma organização que é ela própria um Estado, aliás, uma instituição cuja vida é feita de ostentação.

Sem demagogia. Estamos nós em situação de decretar esta tolerância? Talvez. Provavelmente tudo o que nos resta é a fé.

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